terça-feira, 3 de novembro de 2015

Bandidos de mente estacionária

   Já há um tempo que, neste resquício de país chamado Brasil, temos vivido um estado social patológico, cada vez mais agravado pela torpe mentalidade esquerdista. Isso que digo, aliás, está longe de constituir uma novidade para qualquer pessoa que raciocine acima do nível de inteligência de um berimbau. E, hoje mais cedo, ao me deparar com uma coluna do site Yahoo, apenas obtive mais uma das centenas de confirmações diárias desse fato. 

   O texto intitula-se ‘Mulheres e estupradores; os reais e os simbólicos’. Traduzido para uma forma mais sintética, direta e franca, a mensagem que temos ali apresentada é a seguinte: Eduardo Cunha, o atual presidente da câmara, a despeito de ser, como diversos outros de seus semelhantes (aliados ou rivais), mais um político envolvido em densos esquemas de corrupção, representa, no entanto, um fator de contraposição ao governo do PT — devendo, por essa exclusiva razão (meio velada, é claro), ser encarado como o símbolo de todo o mal no universo.

   A redação do fulano chega até a sugerir algo de uma certa razoabilidade, como o fato evidente de que, numa disputa entre bandidos, deve haver aquele que é o pior e que, assim, deveria ser mais evitado. Contudo, nesse caso, a grande questão ainda é, obviamente, descobrir qual é este pior. Mas para o autor da coluna, tal questão já está resolvida: o lado “conservador” representa o pior tipo, já que estimularia, através de atos simbólicos e facilitações jurídicas, o estupro generalizado de mulheres, o genocídio, o infanticídio e, enfim, tudo que há de mais perverso e diabólico.

   Bem, é claro que exageros de percepção sempre estarão presentes em ambos os lados de uma contenda ideológica coletiva. Dessa forma, tipos médios de esquerda acusarão os direitistas de serem os responsáveis por toda a maldade e violência do mundo, enquanto tipos médios de direita devolverão as mesmas acusações contra os esquerdistas. Isso é de se esperar entre tipos medianos que, incapazes de uma reflexão mais aprofundada, limitam-se a aderir a movimentos coletivos que fanaticamente defendem suas causas prontas, execrando o adversário.

   O triste é verificarmos esse padrão de comportamento sendo repetido por indivíduos que se encontram não encolerizadamente gritando nas ruas, mas friamente expressando-se para órgãos da mídia. É o caso desse sujeito que elaborou tal matéria. Toda sua visão de mundo, se repararmos, está reduzida às mesmas fórmulas simplórias que movem o tipo medíocre, de raciocínio leviano, que sai tomando seus posicionamentos de maneira impulsiva. 

   Pois analisemos o quadro pintado pelo camarada: primeiro, baseando-se numa teoria em si reducionista — que, aliás, tipicamente reflete a animalesca concepção de mundo do esquerdista, segundo a qual tudo é regido por fatores exclusivamente materialistas, em que mesmo os sentimentos mais nobres da humanidade não são reais, mas meras ferramentas ilusórias biologicamente engendradas para nos manter estabilizados como animais dentro de um universo mecânico, frio, cego e opressor —, temos que as estruturas básicas de uma sociedade estariam, assim, constantemente moldando-se entre dois estados distintos de banditismo institucional. De um lado, aquele que se refere ao tipo mais selvagem de bandido (chamado, nessa teoria, de “bandido itinerante”), que assalta, estupra, mata, e, como um bárbaro nômade que esgota todos os recursos do local por onde passa, em seguida vai embora em busca de uma nova vila para atacar. E, do outro lado, o bandido mais civilizado, que sedentariamente permanece numa determinada região, bolando mecanismos mais sofisticados de exploração de suas vítimas, sem esgotá-las por completo e até lhes garantindo uma margem de segurança pública para que continuem habitando o local com alguma estabilidade, podendo mesmo progredir em suas vidas (e, assim, serem cada vez mais sugadas por esses bandidos).

   Quer dizer, a teoria aponta para alguns dados elementares já bem conhecidos por todos, referentes a tipos de bandidos que podemos facilmente reconhecer no âmbito público. Evidentemente, o erro dela está em querer reduzir toda nossa realidade política e social a esses fatores de banditismo, como se não houvesse, paralelamente (e mesmo em preponderância, no caso de uma sociedade saudável), algo de intrinsecamente bom, positivo, nobre e necessário nas estruturas de um governo, já que, supostamente, todos os governantes não passariam de bandidos deste tipo civilizado (os tiranos... ou “bandidos estacionários”, como chamado nesta teoria chinfrim, talvez para se atribuir um pretenso ar de seriedade), aos quais nos sujeitaríamos apenas como forma de evitar o outro tipo de bandido, mais violento e cruel.

   Mas deixando um pouco de lado esse aspecto, é de se notar apenas a forma completamente insana com que o colunista do Yahoo procura associar ao tipo conservador essa categoria do bandido mais selvagem e agressivo, partindo-se, no entanto, de razões que, à primeira vista mesmo, já acabam denunciando o contrário do que ele mesmo conclui com suas justificativas furadas. Por exemplo, ele diz que, ao procurarem reforçar as leis anti-aborto, os conservadores estariam mostrando que se aproximam mais da atitude violenta de soldados que invadem cidades, estupram mulheres e queimam bebês em fogueiras. Quer dizer... leis contra o aborto... ligadas ao infanticídio? Não seria exatamente o contrário? Afinal, não é o incentivo à cultura do aborto que está mais relacionado ao sacrifício de bebês? É evidente que sim. Qualquer pessoa capaz de verificar que 1+1=2 percebe claramente isso. Mas o colunista do Yahoo prefere enxergar o inverso da realidade.

   Outro exemplo: segundo o colunista, pelo fato de o conservador desejar que se libere o porte de armas à população civil, isso provaria como ele está mais próximo da conduta do bandido agressivo que quer apenas sair por aí assaltando, estuprando e matando. Quer dizer... ai minhas bolas... como se não fosse óbvio o bastante que a intenção de se liberarem as armas é a de justamente possibilitar alguma forma de defesa por parte do cidadão comum contra o bandido que, esse sim, DIFERENTE DO CIDADÃO COMUM, é quem costuma assaltar, estuprar e matar, e que jamais precisou de liberação de armas para adquirir a sua por meios ilegais. De modo que, mais uma vez, fica claro que quem deseja o porte legal de armas pensa apenas em coibir o bandido selvagem, não em praticar crimes hediondos como esse; enquanto quem vai contra essa medida é que está na verdade facilitando a vida desses mesmos bandidos, cada vez mais violentos ante a passividade de suas vítimas (no fundo, todos sabem como esquerdista adora um bandidinho, parecendo até mesmo se identificar visceralmente com essa raça verminal). Mas para o fulano esquerdista que escreveu a coluna carrolliana, parece mais fácil inverter a realidade e afirmar o oposto do que nos diz a lógica mais simples e ordinária.

   Depois, porque o conservador estaria querendo barrar as aleatórias demarcações indígenas de terra, isso mostraria como ele é “genocida”. Quer dizer, para o colunista, o índio deve realmente representar o tipo mais civilizado, já que enterra vivas suas crianças deficientes, esfola seus jovens em rituais de iniciação, aplica penas capitais a mulheres que transgridem pequenas convenções supersticiosas... e o homem branco deve ser, assim, o mais primitivo, mais próximo do “bandido itinerante”, bárbaro, violento, uma vez que elaborou os códigos mais avançados da nossa civilização e construiu os sistemas de ordem pública mais eficientes e sensatos, inclusive proporcionando maior liberdade a todos (de fato, uma liberdade que as mulheres jamais sonhariam em ter nessas tribos indígenas). Sim, tudo isso faz um enorme sentido para o zé esquerdista. Por isso temos que ver o índio como superior ao homem branco e nos sujeitar aos seus caprichos de “bandido estacionário” para, quem sabe, levar algum progresso à nossa sociedade bárbara e cruel, comandada pelos “bandidos itinerantes”.


   Enfim, como vai ficando cada vez mais claro à medida que lemos textos como esse, o pensamento da esquerda é algo que revela somente a maior torpeza, a maior demência, a maior psicopatia, sendo até difícil saber se estamos a lidar com cínicos ou esquizofrênicos. É de se apostar que seja um misto de ambos, claro. De qualquer forma, isso é só mais um sinal do estado doentio em que se encontra o Brasil atualmente.